Acredito que muitos saibam que em setembro é realizada a campanha de conscientização de prevenção ao suicídio – setembro amarelo. Esta campanha tem a sua origem, mediante a um jovem norte-americano, Mike Emme, onde o mesmo tinha apreço por automóveis. Com isso zelava, consertava e cultivava um Mustang; e carros de conhecidos. Ao adquirir esse carro, pintou-o de amarelo.
Mike demonstrava ser uma pessoa prestativa e de bem com a vida. Até que, certo dia, surpreendeu familiares, conhecidos e amigos; tirando a própria vida. A cor amarela era sua cor preferida. Através dos familiares e amigos, no enterro, foi distribuída uma frase de incentivo, estimulando, quando necessário, às pessoas dizerem, relatarem ou desabafarem sobre às questões de sofrimentos emocionais. A mensagem foi confeccionada numa fita amarela em homenagem ao querido jovem.
O suicídio é uma questão complexa e multifatorial. Ou seja, ninguém tira a sua própria vida por conta de um único fator; e sim, por questões à diversas. Dentre as inúmeras razões, umas das maiores causas, são com pessoas portadoras de transtornos de humor, como: depressão e bipolaridade. Também acometido por dependentes químicos e virtuais. Entretanto, o suicida, na verdade, nunca quer eliminar a sua existência; e sim, os sofrimentos vividos por ele.
Mas, diante das variadas causas, venho discorrer sobre uma, muito presente na vida dos brasileiros, que é o tripé: sócio-político-financeiro. É sabido, também, que a prática do suicídio, independe da posição social. Haja vista, vem chegando, com muita frequência, ao meu conhecimento, médicos que não sejam da área da saúde mental, pensando fazer especialização, ou residência, em psiquiatria. Por quê? Porque, principalmente, os que atuam na saúde pública, vêm atendendo muitos pacientes com quadros de depressão e ansiedade.
Ora! O que esses quadros de morbidades mentais têm a ver com as questões socio-política-financeira? Tudo. No entanto, gostaria de abrir um parêntese e, no tocante às questões políticas, nada têm a ver, aqui, com as partidárias; e sim, com políticas públicas. Segmentos estas que, às faltas das presenças dignas de: saúde, transporte, educação, segurança, ... e financeira; onde, esta última, ofertada pela dificuldade de manutenção e aquisição monetária aos cidadãos; comungadas pelas supostas corrupções desempenhadas pelos administradores públicos; vêm, a cada dia, ser vetores primordiais para os índices ao suicídio não deixarem de crescer. Como mudar esta realidade?
De acordo com o Psicólogo Alexandre Coimbra Amaral: “Acontece que nós estamos vivendo um problemão; no nosso tempo. A gente está vivendo uma espécie de dementador; do nosso tempo. Que é o medo. O medo tem sido viral; no nosso tempo. Nessa época, nesse século; como projeto político individualista. O medo é utilizado como projeto político pra separar as pessoas. Pra fazer que as pessoas temam o outro. Quando a gente teme o outro, e a gente não se aproxima dele; a gente não consegue viver a potência da dimensão coletiva da identidade. Então nós precisamos conversar com os nossos medos. E, pedir ajuda, diante dos nossos medos. De tocar uma outra alma humana. Que nós estamos sendo ensinados que o outro é um perigo. Não se constrói esperança, numa sociedade, temendo o humano. Se esquivando do encontro. Fazendo do individualismo uma forma de vida.”
Ou seja, a sociedade brasileira não vem conseguindo desfrutar da – potência da dimensão coletiva da identidade – por conta do medo. Como superá-lo? Quando não conseguimos por conta própria, por que não pedir ajuda? Assim, segundo o Psicólogo Leonardo Abrahão, ícone da saúde mental no Brasil, orienta-nos: “Quando a conversa começar, ouça sem julgar e dê espaço para a pessoa falar sobre seus sentimentos. Mostre empatia e preocupação genuína, lembrando que a conversa é sobre a pessoa, e não sobre você.”
Por fim, caro leitor, eis a questão! E para você: como mudar esta realidade?
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